sábado, 8 de setembro de 2012

Cadê minha seleção?


As vaias à nossa seleção representam muita coisa. Muito mais do que a avaliação de um jogo.

Sobre o time, ou melhor, o grupo de jogadores que têm se reunido para nos representar, não acho que o trabalho está sendo mal-feito, não acho que há algo de muito diferente a se fazer, não acho o Neymar pipoqueiro. A única coisa que sinto falta de verdade é de um cara mais experiente junto do nosso ataque. Já defendi algumas vezes que Kaka, em forma, seria um grande nome, um atleta experiente para dar equilíbrio ao grupo muito jovem de bons jogadores que nós temos. Mas as coisas não tem dado certo no seu clube, uma pena. Portanto, o que está sendo feito em relação à criação/manutenção da equipe é o possível. Não há o que revolucionar.
Sobre como a seleção é vista aos nossos olhos é, este sim, um ponto que há tempos chama minha atenção. Um jogo do nosso selecionado é uma prova cruel, em que somos os professores mais carrascos possíveis, que se colocam numa confortável posição de criticar duramente o insucesso, ou simplesmente ficam sem contra argumentos a uma vitória mais do que obrigatória.
Dai eu dizer que as vaias no jogo de ontem representam mais o do que simplesmente uma avaliação negativa da partida. Traduzem a falta de carinho da nossa torcida. Não há pesar na derrota, e sim um esperado e irônico conformismo. Não há grande alegria na vitória.
Futebol sempre foi uma válvula de escape para nós, motivo de orgulho de sermos brasileiros. Numa nação que ainda não tem uma identidade definida, futebol era nossa ideia comum, nosso exemplo de quanto podemos ser vencedores, do quanto podemos ser imbatíveis. Mas conseguiram tirar esse sentimento de nós.
Porque a partir do momento que vemos nosso campeonato enfraquecido por clubes mais ricos, quando vemos ligas mais organizadas levando nossos craques aos vinte anos de idade, inevitavelmente nos distanciamos dos nossos times. Quando se torna comum sabermos de noticias de escândalos envolvendo organização de copa do mundo, amistosos da seleção, quase tudo que envolve a CBF, fica difícil de continuarmos a ter orgulho. E esse processo de descrédito com nós, torcedores, vem de muito tempo, coisa de mais de 20 anos (coincidência?).  
Quando paramos para ver o jogo do nosso selecionado, já fomos alimentados por muita coisa ruim. Já há preconceitos formados, enraizados em nós.
Ontem, foram traduzidos em vaias.
E, se a coisa continuar no ritmo que está, há de chegar o dia que nossa seleção entrará em campo sob vaias.
Não duvidem. As sementes estão sendo muito bem plantadas.