Via de mão dupla
Humanos são egoístas por natureza. Vaidosos, tem ego
inflado, adoram ser paparicados e odeiam receber ordens. Às vezes é difícil
aceitar que somos assim. Todos.
E, mesmo com tudo isso em comum, cada um tem seu jeito de
lidar com estes impulsos, com esta natureza. Tem gente que adora se exibir, tem
gente que gosta e finge que não gosta.
Mas, fato, todos nós gostamos de tirar uma onda. Uns demonstram
e outros não.
Muita gente se esconde atrás do silêncio. E talvez seja uma
boa alternativa.
Porque é aquilo, somos animais e, como tal, temos impulsos
que podem ser perigosos. Impulsos que podem magoar.
Podemos tomar atitudes que magoam alguém, pior, que mudam
sua maneira de lidar com seus impulsos, com a sua natureza própria.
Porque pra cada sujeito marrento, autosuficiente, que só quer
se adiantar, existirão mais uns dez que, no íntimo da alma, confiam em todo mundo,
devolveriam o troco errado, dariam o lugar no ônibus para o velhinho, enfim,
fariam o possível pela paz do momento, pela decisão mais bondosa, mais nobre.
Provavelmente essa conta de dez bonzinhos pra um malando não
bata porque existem muitos bonzinhos corrompidos. Muitos mesmo!
Talvez a maioria de nós, ou essa maioria que faz tanta
diferença para o mal, seja formada por bonzinhos corrompidos.
E é intrigante saber que o trilho, a rodovia que leva todas
essas boas e más intenções é formada pelas palavras. Logo elas, que me encantam
tanto...
Porque é uma pena saber que as melhores palavras estão sendo
usadas pra defender os piores valores. Ou para alimentar nossos piores
instintos.
É curioso saber que os melhores valores são passados com
exemplos, logo sem as palavras.