quinta-feira, 6 de junho de 2013

Domingo

Eu tinha uns 14,15 anos, não sei precisar. Recebi um convite. Um sujeito baixinho, gordinho, conhecido da minha mãe, me viu com minha camisa do flamengo, jogando futebol numa praça perto de onde eu morava. Era uma sexta feira, antevéspera de um flamengo x vasco, jogo do meio do campeonato Brasileiro. O cara me olhou e disse: “e ai flamenguista, vai no jogo domingo? Se quiser eu te dou um ingresso, você vai comigo!”  Fiquei radiante com a ideia de poder ver meu flamengo, ainda mais no Maracanã!

Convite feito, aceito, e lá fui eu e meu mais novo melhor amigo de todos os tempos de toda a minha vida, para o jogo. Ele me falou que era diretor do flamengo, diretor da coca-cola, sei lá o que ele me disse, porque no meio de toda a conversa fiquei sabendo que ia para o túnel que dá acesso ao gramado, e que talvez eu entrasse no campo.

Eu já não falo muito. Pelo menos não falava, e quem me conhece sabe.

Agora pensem no momento da notícia.

Isso mesmo, uma estátua.

Chegamos ao estádio, conversas feitas, mãos apertadas, lá estava eu.

Ainda mudo.

Mudo e no meio do elenco do flamengo se aquecendo. Seu Luís, o amigo da minha mãe, me apresentou como sobrinho dele. Todo mundo veio me cumprimentar! O técnico era o Osvaldo de Oliveira, e o Edilson ainda estava lá, já pentacampeão do mundo. Todos foram muito simpáticos comigo, e eu já esboçava um “e ai, tudo bem?”.

Elenco alinhado pra entrar no gramado, lá fui eu, como cogitado e esperado (deu tudo certo!)
Fui para o meio do Maracanã. Olhei para a grama, tirei um pedacinho dela e coloquei no bolso. Dei uma olhada com calma, 360°, naquele gigante de concreto. O estádio não estava lotado, mas foi lindo ver a torcida de lá de dentro, do meio do palco do espetáculo.

O jogo começou e eu fui para a arquibancada. Pude ver a vitória de 2 x 1 do Flamengo. Voltei ao túnel de acesso, todos continuaram me cumprimentando, me chamando de pé-quente...

Eu não conseguia acreditar!

Depois de algumas horas fui para casa, com uma das melhores lembranças da minha vida.

E não posso deixar de dizer que o melhor palco para isso tudo tinha que ser o Maracanã.

Eu não me importo dele estar diferente, modernizado, “europeu”. Não me importo dele se chamar arena. Quando eu estiver saltando do metrô, lendo o nome da estação maracanã, eu vou me emocionar. Quando eu vir o gramado, ouvir o canto da torcida, eu vou esquecer que agora a rede não deixa a bola morrer no fundo dela. Vou continuar me segurando pra não chorar.

Quando eu estiver a caminho do meu jogo de futebol, vou querer torcer, vou querer vibrar, acima de tudo, ver um bom futebol.

Se você acha mesmo que mataram o maracanã, devo dizer que você matou o que tinha dentro de você sobre o maracanã!

Uma pena.

Eu desejo toda a sorte do mundo ao nosso novo velho estádio!


Tenho certeza que ele vai continuar sendo o melhor palco para o maior espetáculo da terra.

E esse gol?