segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Segregação


De ontem para hoje, fomos brindados com duas novidades, digamos em um primeiro momento, polêmicas do nosso governo federal. Uma delas é decisão tomada, que diz que, já a partir deste ano, teremos cotas de vagas nas universidades públicas federais, que chegarão ao inacreditável número de 50% em 2016. A outra trata de um pacote de ações afirmativas que têm intuito de criar cotas para negros no serviço público. Mais detalhes aqui e aqui.
Duas novidades que me levam a pensar tanta coisa que nem sei por onde começar.
Antes de mais nada, o fato: o governo afirma que negros/ pardos/ indígenas não tem as mesmas condições de concorrer a um lugar ao sol, ao Jardim do Éden que são as universidades públicas e o funcionalismo público. OK. Concordo que para pessoas carentes (vejam bem, CARENTES), fica muito difícil disputar com quem tem mais condições de se preparar. Mas não há como concordar que a melhor maneira para corrigir esta terrível injustiça seja obrigar, impor ditatorialmente a presença destas mesmas pessoas despreparadas no ensino superior/ nos cargos federais públicos.
Não se surpreendam se, daqui a alguns anos, nossa graduação pública se apresentar falida, muito por conta do não aproveitamento dos melhores alunos nos seus concursos. Muito por conta da fuga dos nossos melhores professores, inconformados com o nível em decadência, ladeira abaixo, de seus alunos. Não será surpresa se, num futuro não tão distante, tivermos nosso 3° grau público equiparado, em qualidade, as nossas escolas estaduais e municipais de nível médio e fundamental, aprovadoras automáticas, geradoras de diplomas hipócritas há um bom tempo.
Porque o mais importante num curso, seja ele qual for, são os alunos. Os melhores alunos. Vocês acham que a USP ser a melhor universidade do Brasil e ter o vestibular mais difícil é mera coincidência?
Como citei acima, certamente a falta de oportunidades aos mais carentes é um problema, mas penso que a melhor solução seja investir na educação de base, fortalecer o ensino fundamental e médio, valorizar nossos professores, guerreiros que merecem ser lembrados muito mais que só um dia.
Alunos bem preparados, motivados, com força de vontade, formarão uma geração que não terá problemas com vestibular, com concursos, com o que for.
Formarão uma geração que pense, que critique. Que coisa rara, meu Deus...
Nunca é demais lembrar que estudar é bom. Que se esforçar faz parte. Que nosso atual presidente do STF não precisou da ajuda de cotas.
Por fim, não posso deixar de pedir que todos nós estejamos atentos a um governo que, além de comprovadamente corrupto, se mostra populista e manipulador, fazendo questão da que todos estejam presos às suas rédeas.

Mas a democracia há de resistir.