quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Neymar

E aí, ele está certo ou errado? 

Eu acredito que seja impossível julgar. 

Acho que dá pra avaliar, pois há claros aspectos positivos e negativos, especialmente os esportivos.

Positivos:

 Ele terá o time por ele. Será o protagonista que ainda não foi no futebol europeu, e isso pode ajuda-lo a fazer a melhor temporada da vida, principalmente com relação ao número de gols marcados.

- Jogará com vários companheiros de seleção. A um ano da copa!

- O campeonato francês não é tão competitivo, ok. O espanhol era? Algum além do inglês é (nos grandes centros europeus) ? Bom, sendo o Neymar dono do time, acredito que ele possa chegar ao número de gols indecente que chegam Messi e Ronaldo no espanhol.

- É possível que o fim da temporada pra ele seja mais tranquilo, pois o PSG pode sobrar na liga nacional. Se isso acontecer, ele poderá focar na Champions e na copa, o que aumentará as chances de conquista dos torneios e dos prêmios individuais.

Negativos:

- A Ligue 1 tem times, às vezes, bem ruins. Jogos até chatos. Esse aspecto que pode favorecê-lo a marcar mais gols tem um efeito colateral de evidenciar jogos possivelmente desinteressantes. Num mundo como o do futebol, totalmente voltado ao Marketing, isso pode ser um problema.

- A pressão pelas conquistas continentais será gigantesca. GIGANTESCA!

 Como jogador mais caro do time e tido como tecnicamente acima dos demais, ele será cobrado como líder. Lider que nunca foi. No Barcelona por não precisar ser, e na seleção por escolha própria. Mais pressão...


Há ainda toda a questão do fisco espanhol, que também incomoda Messi e Cristiano Ronaldo. Polêmico. Mas menos um problema para o Neymar.

      Pessoalmente, posso dizer que eu não queria vê-lo fora do Barcelona.

Confesso que é uma pena perceber que o trio MSN acabou. Vi alguns jogos memoráveis.

O talento do Messi e do Neymar juntos, contando com o suporte de um jogador fantástico, mesmo que menos criativo, como o Suarez, é algo para se guardar na memória.

Mas entendo que a decisão é pessoal, motivada pelo desafio, pelo dinheiro, seja o que for!

Problema dele.

Aliás, sobre a especulação de que ele é um mero mercenário, leia aqui.

Curioso é perceber quem ainda cobre amor nesse mundo corporativo do futebol.

E mais ainda é ver o Barcelona reclamar de falta de respeito, tendo o clube sido pundio há uns anos atrás por contratar menores de idade fora das regras da FIFA. 

Muito fácil falar. 

Oportuno, na verdade, pois boa parte da imprensa caça cliques e likes como um mero site de fofocas.

Para o Neymar, desejo o melhor, pois acredito que isso possa me proporcionar bom futebol.

Estamos entrando em temporada de copa do mundo.

E eu quero mais é que ele chegue voando!

terça-feira, 25 de julho de 2017

Vale a pena propor o jogo no Brasil?

Existem muitas maneiras de se jogar futebol.

De uns anos pra cá, há duas, digamos, mais famosas: o jogo de posição proposto pelo Barcelona do Guardiola e endeusado mundo afora (posse de bola, troca constante de posições, construção do jogo desde o goleiro, linha alta de marcação...) e um jogo mais reativo, de muita marcação de todo o time, pouca posse, em que um erro do adversário pode dar o contra ataque fatal. Desse último, temos como grandes exemplos a Inter de Milão de Mourinho e o Atlético de Madrid do Simeone.

O jogo proposto por Guardiola, extremamente ofensivo, requer um nível técnico do time absurdo, além de movimentos sincronizados desde a defesa, até o terço final do campo.

Os relatos são unânimes: é um estilo de jogo difícil de ser aprendido. Depende demais da qualidade técnica dos atletas. Pode demorar a funcionar.

Nosso país pentacampeão gosta de times que “joguem bonito”. Bola no pé, infiltrações, o passe mortal do camisa 10 infernal (eu também tenho saudades...) , a finalização do gênio.

Qualquer coisa diferente disso não agrada, haja visto a seleção de 94, que não tinha algo como uma média de 8 gols por jogo e, por isso, é até hoje rotulada como futebol feio (nem tinha como ser defensiva com Romário e Bebeto, mas isso é outro papo...).

Aliás, e obviamente, há algo pior: perder!

No Brasileirão deste ano, o Flamengo tem sofrido. Tem jogado mal, concordo. Mas é um time que fica com a bola, que tenta triangulações, que tenta não dar chutão. Tenta jogar, mas é um time em construção.

O estilo, GUARADAS AS DEVIDAS PROPORÇÕES, PELO AMOR DE DEUS, é mais para um “time do Guardiola” que um “time do Simeone”.

Vale a pena?

Porque pode demorar... Uma falha individual quebra o trabalho da semana. Uma cobertura errada, um erro de passe que expõe a defesa durante a transição. E aí acabou.

Talvez seja mais fácil colocar 9 caras atrás da linha da bola enquanto se defende, deixar três mais talentosos se virando no ataque e dar carrinho a torto e a direto pra chamar a torcida.

A impressão de que o time está “dando o sangue”, “correndo”, talvez seja mais interessante e possivelmente mais segura para o treinador.

Se só que importa é a vitória, seja como for, pra que inventar?

Veja, há propostas defensivas bastante elaboradas, e certamente o trabalho do Simeone e do Mourinho tem muito de aplicação tática e técnica. Não estou desmerecendo.

O Corinthians desse ano é um exemplo de time que joga com uma proposta mais reativa.

O que quero dizer é que jogar, digo, propor as jogadas o tempo todo, e não só esperar as do adversário, pode ser muito mais complexo.

Novamente: vale a pena?

Mais que isso, será que esse “resultadismo” não impede a evolução do nosso jogo?

Até que ponto o treinador conseguirá se manter firme nas suas ideias, mesmo que o time não consiga fazer o combinado, mesmo que os jogadores continuem falhando demais?

Até que ponto um dirigente consegue suportar a pressão dos maus resultados, torcida, patrocinadores... 

É mais fácil trocar o técnico, mesmo que não se possa garantir pelo que! Pelo menos se falará do time, a marca estará lá estampada.

Até que ponto é possível lidar com a perda de jogadores? 

Como não destruir um trabalho vendo três titulares irem para a China no meio da temporada?

É tudo muito difícil... Para quem torce, para quem comanda o futebol, para que joga (ou tenta).

Eu posso ter a esperança de ver um trabalho terminado no brasileirão?

Vale a pena tentar propor o jogo por aqui?


segunda-feira, 17 de julho de 2017

God save the king

E Roger Federer é campeão.

De novo.

O 8º título do tenista suíço na grama sagrada de Winbledon, aos 35 anos, após tantas incertezas dadas pelas lesões, nos refresca a memória óbvia: estamos vivendo o melhor tenista de todos os tempos, um gênio do esporte.

Eu sempre tive afinidade por tênis. Acompanho, digamos, de média distância. Mas sempre fico entretido. Estou de férias esses dias, e curtir o torneio quase que completo foi um privilégio. 

O dinamismo das jogadas, a imprevisibilidade dos saques, do jogo em si, que tem na duração de cada partida o tempo que merecem. 

A elegância do silêncio antes de cada ponto, cada reinício.

Após o fim da partida, na entrevista aos jornalistas, Federer foi perguntado por Natalie Gedra, da ESPN Brasil, se tinha a consciência do quanto representava para o esporte no mundo. Ele disse que não sabe realmente. E deu uma explicação prática, coisa de gente que não precisa de mais nada além de seu talento para chamar a atenção.

Numa era tão “marquetizada”, tão planejada, onde tudo passa por assessores de imprensa, onde cada palavra é medida de forma a promover jogadores, jogos, políticos, bem como eventos... 

No mundo do Instagram, do Facebook, em que as pessoas se importam muito mais em como sairá a foto do que propriamente com a paisagem, Federer destoa. Desconversa sobre o tamanho da sua obra.

Ensina também fora das quadras.

Só tenho a agradecer.

Vida longa ao rei!