terça-feira, 25 de julho de 2017

Vale a pena propor o jogo no Brasil?

Existem muitas maneiras de se jogar futebol.

De uns anos pra cá, há duas, digamos, mais famosas: o jogo de posição proposto pelo Barcelona do Guardiola e endeusado mundo afora (posse de bola, troca constante de posições, construção do jogo desde o goleiro, linha alta de marcação...) e um jogo mais reativo, de muita marcação de todo o time, pouca posse, em que um erro do adversário pode dar o contra ataque fatal. Desse último, temos como grandes exemplos a Inter de Milão de Mourinho e o Atlético de Madrid do Simeone.

O jogo proposto por Guardiola, extremamente ofensivo, requer um nível técnico do time absurdo, além de movimentos sincronizados desde a defesa, até o terço final do campo.

Os relatos são unânimes: é um estilo de jogo difícil de ser aprendido. Depende demais da qualidade técnica dos atletas. Pode demorar a funcionar.

Nosso país pentacampeão gosta de times que “joguem bonito”. Bola no pé, infiltrações, o passe mortal do camisa 10 infernal (eu também tenho saudades...) , a finalização do gênio.

Qualquer coisa diferente disso não agrada, haja visto a seleção de 94, que não tinha algo como uma média de 8 gols por jogo e, por isso, é até hoje rotulada como futebol feio (nem tinha como ser defensiva com Romário e Bebeto, mas isso é outro papo...).

Aliás, e obviamente, há algo pior: perder!

No Brasileirão deste ano, o Flamengo tem sofrido. Tem jogado mal, concordo. Mas é um time que fica com a bola, que tenta triangulações, que tenta não dar chutão. Tenta jogar, mas é um time em construção.

O estilo, GUARADAS AS DEVIDAS PROPORÇÕES, PELO AMOR DE DEUS, é mais para um “time do Guardiola” que um “time do Simeone”.

Vale a pena?

Porque pode demorar... Uma falha individual quebra o trabalho da semana. Uma cobertura errada, um erro de passe que expõe a defesa durante a transição. E aí acabou.

Talvez seja mais fácil colocar 9 caras atrás da linha da bola enquanto se defende, deixar três mais talentosos se virando no ataque e dar carrinho a torto e a direto pra chamar a torcida.

A impressão de que o time está “dando o sangue”, “correndo”, talvez seja mais interessante e possivelmente mais segura para o treinador.

Se só que importa é a vitória, seja como for, pra que inventar?

Veja, há propostas defensivas bastante elaboradas, e certamente o trabalho do Simeone e do Mourinho tem muito de aplicação tática e técnica. Não estou desmerecendo.

O Corinthians desse ano é um exemplo de time que joga com uma proposta mais reativa.

O que quero dizer é que jogar, digo, propor as jogadas o tempo todo, e não só esperar as do adversário, pode ser muito mais complexo.

Novamente: vale a pena?

Mais que isso, será que esse “resultadismo” não impede a evolução do nosso jogo?

Até que ponto o treinador conseguirá se manter firme nas suas ideias, mesmo que o time não consiga fazer o combinado, mesmo que os jogadores continuem falhando demais?

Até que ponto um dirigente consegue suportar a pressão dos maus resultados, torcida, patrocinadores... 

É mais fácil trocar o técnico, mesmo que não se possa garantir pelo que! Pelo menos se falará do time, a marca estará lá estampada.

Até que ponto é possível lidar com a perda de jogadores? 

Como não destruir um trabalho vendo três titulares irem para a China no meio da temporada?

É tudo muito difícil... Para quem torce, para quem comanda o futebol, para que joga (ou tenta).

Eu posso ter a esperança de ver um trabalho terminado no brasileirão?

Vale a pena tentar propor o jogo por aqui?


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